sexta-feira, dezembro 23, 2011

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Assunção, mais uma vez... e a primeira vez...

Luís M. (LM) na Aresta dos básicos na Assunção.
LM depois de uma boa experiência
Mais um para o LM
A noite chegou e reparamos que não estavamos sozinhos.
O frio chegou...
Até breve
AB
PS: Desculpa a dor de barriga.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Caravela Roxa, pré- história.


Sábado à noite, estamos no local do costume, o parque de estacionamento no final da aldeia da Peneda. Depois de um jantar típico de uma expedição em estilo Nortuga, caracterizadas pelo seu estilo pesadíssimo, em especial no que toca a colocar material em cima da mesa. Desta vez nem faltaram uns cogumelos silvestres colhidos pelo nosso especialista. Envoltos por um paraíso verde cinza e rodeados por abandonados fragmentos plásticos à espera de um final mais digno num ecoponto, os frontais das nossas cabeças apenas focam os croquis das vias da Meadinha, nada mais conseguem absorver. Surge então uma voz racional que nos traz de volta para o campo da realidade e do momento.

 - No meio de tanto sítio bonito para ficarmos, tínhamos logo que escolher um local sujo, isto está cheio de lixo!
- Serve para nos ambientar para a clássica, há que saber ver para além do entulho!
Surge então uma lição de semiótica por parte do interveniente.
- Há uma teoria que diz, quando as caravelas de Colombo chegaram ao litoral norte-americano, os índios não as viram. Por não as conhecerem e não saberem o que era uma caravela, seus olhos não identificavam os barcos. O chefe da tribo percebeu que as águas moviam-se de forma estranha e fixou melhor o olhar. Então viu os três barcos à distância. Os outros índios só conseguiram vê-los quando o chefe lhes descreveu o que estava a ver. E, de repente, “puf”, os barcos estavam ali. Verdade ou lenda, isto procura explicar que os índios não viam as caravelas pela simples razão de não fazerem parte do que estava arquivado no seu cérebro. Não vemos com os nossos olhos. Estes são meros transmissores de sensações luminosas para o nosso cérebro. Nós vemos com o cérebro, e se determinada imagem não corresponder a nada do que aí tenhamos guardado, acontece que podemos até deixar de ver algumas coisas.

- Ah, interessante! Amanhã alguém quer ir à K.K.?

Barriga cheia, vinho, cogumelos, e um grande défice de cultura para podermos desenvolver o assunto pelo interveniente abordado, logo a conversa voltou novamente ao mundo irreal das nossas ilusões verticais, ignorando todos os medos que havíamos passado nesse dia. Rapidamente o peito enche-se de ar, desperta-se novamente o pavoneio, e já só falávamos das vias que pretendíamos escalar no dia seguinte, ignorando em absoluto o ditado popular que diz: “1 pavão e 1 galo no chão… só penas. Agora, os dois, no ar, a apertar…é complicado.” E embalados pelas penas nesse dia nos ficamos. No final do dia seguinte enquanto arrumávamos o material, desembrulhávamos as histórias do dia como forma de descompressão. Uma das cordadas com um jogo de excêntricos, contava que de manhã havia largado âncora, e embarcando na tentativa de chegar a um novo mundo. Referiram seus medos e aventuras no desconhecido. Quando iniciamos uma viagem pelo desconhecido vários perigos poderão surgir. Foi então que passadas as primeiras ondulações sobre a vegetação lhes apareceu um cabo.

- Um Cabo das Tormentas!
- Não, um cabo de aço. A via que estávamos a abrir afinal já estava aberta.
- E não estava registada nos anais?
- Nos anais não estava registada. Vou ter que pesquisar melhor sobre o assunto.

O dia não seria dado como perdido, já que não se pode ir por um novo mundo, vai-se por um semi-novo, a via Esperança estava aberta de fresco. A personagem que queria ir à K.K., encontrava-se pela zona, e desprovido das suas penas, colou-se a este desafio. Durante essa viagem, vários foram os comentários que se foram tecendo, os do costume, a crítica fácil do duro trabalho realizado pelos aberturistas e os comentários sobre novas linhas que por ali poderiam surgir, dado ao estado selvagem que a parede apresentava.

A noite ameaçava instalar-se no meio da descida quando os 2ºs de cordada estavam no último largo da via. Cansados, com o miolo um pouco cosido e o corpo comprimido depois de passar pela estreita chaminé, entramos num canal de terra ladeado por rocha. Este foi o bater da asa da borboleta que desencadeou a tempestade.

- Que é isto? Não sei onde o Roxo viu aqui um largo de escalada!
- Esquece, isto é como a caravela. O teu cérebro ainda não está preparado para a ver.

Porque há pessoas que estão sempre a “navegar”, a (re)descobrir e a oferecer novos mundos. 

“Navegar é preciso…”
MC


Até breve

terça-feira, novembro 08, 2011

Meadinha, Caravela Roxa, 30/10/2011

A Meadinha foi desde sempre um local de que se fala com muito respeito.
Os Homens que se aventuraram na linha da frente a traçar percuros verticais, eram seres de outro mundo que nunca conhecemos. Desde sempre ouvia o Zeza dizer:
- Temos de abrir uma via na Meadinha!!! - Mas sempre achei esse acontecimento pouco provável. A Meadinha é de facto um local que merece toda a dedicação. Dessa dedicação e sofrimento resultou numa vontade enorme de sofrer ainda mais - abrir uma via. E assim foi, em três dias de trabalho árduo, com todo o tipo de manobras, sobe e desce, limpar, cavar, escovar...

Depois duma primeira tentativa de pisar terreno virgem e dar-nos com um tope ferrugento, contactamos a malta expert no local que nos informou que se tratava de uma via antiga do Santi Suarez. Soubemos também que existem várias vias abertas que não aparecem nos croquis, que existem vias que foram limpas e não estão abertas. Em relação às fissuras, que vimos à esquerda da via esperança, informaram que a parte superior teve alguma limpeza em 2008 ou 2009.

Passagem pelo café para buber um café e comer um docinho, preparação do corpo para as horas de privação.
Aproximação, o lindo caminho que nos leva á base da parede, tornou-se nestes dias num percurso de peregrinação sofrida. Zeza com o petate às costas para a fotografia...


A aproximação faz-se percorrendo todo o caminho da base da fraga até quase ao final, no nicho de acesso à via "puerta sur de los dioses", uma curta trepada pela direita, subimos a um patamar, deste subimos mais um pouco por um canal que segue ligeiramente para a direita, subimos a um 2º patamar por cima de um grande bloco.


L1 - Começa por terreno fácil e evidente, directo a duas grandes fissuras horizontais. Pouco tempo depois estavamos na 2ª fissura horizontal, o que parecia um bom local para a primeira reunião, colocamos uma chapa (17m, IV+).


MC abrir o 2º largo
Taia numa modalidade diferente

L2 - Daqui saímos para a direita, ganhando uma pequena fissura de dedos, que vai alargando. À primeira vista a protecção mais fácil seria o “abalacov”, mas como não dispunhamos de cordinos suficientes, escavar foi a solução, até dar para colocar um friend. Esta fissura foi uma autêntica lavoura e as horas foram passando. Enquanto o 2º largo era desenterrado, o 1º ia sendo escovado. No final desta fissura, quando a parede fica vertical, atravessa-se para a esquerda, para ganhar uma nova fissura e subir 2 ou 3 metros até à 2ª reunião equipada com duas chapas (30m, 6a).

Sérgio abrir o 3º largo, fácil mas aéreo

L3 - Sai pelo bonito e fácil diedro/fissura (mas com um assustador toque de tambor) coroado por uma lage, que baptizamos de “asa esquerda” também ela com excelentes dotes musicais. Ali duvidei se seria boa ideia proteger. O friend pode fazer o efeito “rolha de champanhe”, mas era necessário testar, à cautela transferi o peso para cima do friend e dei uns pulinhos tímidos à espera do "estalido seco a ecoar no vale", o relato da abertura da “chaves do ceo” veio-me à memória, mas nada. E deixando-me de histórias segui pela fissura cega mas fácil até a um bom patamar.
- É pá! Têm aqui uma chapa!
- Estás a brincar!
- Sério, bem que nos disseram... que tinham colocado uma chapa... O melhor é não continuar e falarmos...
A noite começava a cair e ficamos pela 3ª reunião (1 chapa e 1 argola). Possível rapel até ao patamar de início, com cordas de 60 metros. (13 m, V).
Algo apreensivos regressamos a casa. Durante a semana tivemos novamente oportunidade de falar com quem andou lá anteriormente, que foi cinco estrelas, pôs-nos à vontade e disse para seguir-nos para cima. Que iriamos encontrar, mais uns furos, e em cima de todo uma reunião de uma via que vem da esquerda.

No fim-de-semana seguinte só dispúnhamos de um dia, e aproveitamos para dar uma segunda limpeza à medida que escalávamos.
Sérgio e Cunha no final do 3º largo, acho que o Cunha estava a tentar fazer uma máscara de argila!!!!
Sérgio numa viagem ao início da via

L4 - Era o que aparentava maior dificuldade e espectacularidade, saiu à frente o MC e logo nos primeiros metros estranhamos a costura que estava a fazer.
- Acho que nenhum aguenta! ... A fissura é cega.
- Segue mas é para cima que debaixo do tecto cabe bem um nº1. Isso assim como está se não for triangulado, é como não ter nada.
- Pois mas ao menos dissipa... é que aqui isto já empina. Este pequenino está assim de frente, mas talvez aguente...
Cunha na abertura do 4º largo, depois da sua montra de joalheria

Pouco depois estava debaixo do 1º tecto e contornando-o pela direita rapidamente estava por baixo do 2º no que parecia ser o CRUx(ZES) da via.
Depois de tentar de várias formas ora pela esquerda ora mais pela direita, diz com voz trémula:
- Passa-me as nhunhas.
- As nhunhas?! Isso parece liso, dá lá para meter unhas.
- Tem aqui um gratãozinho. - Seguiram as “nhunhas” pela corda auxiliar e pouco depois já estava na fissura protegível à bomba e que segue até um patamar, por cima da “asa direita”.
- Estou no patamar.
- Estás em cima de um bloco solto?
- Sim, isto abana.
- Então não abanes muito que nós estamos aqui em baixo. E procura que estão aí uns furos feitos em 2008 ou 2009. Mas não bufes para dentro por causa da humidade...

Nhunha no passo de cunha, ups, cunha no passo de nhunha
Os três em linha

Depois de escovar o “chocapic” lá encontrou um furinho, que testou a profundidade e colocou um perno.
- Assim está bem! Se soubesse era escusado alombar com a máquina e com as baterias de mota...

L5 - Quando iniciei o 5º largo, já ameaçava o adiantado da hora. A fissura tomba ligeiramente e é preciso novamente cavar forte para poder colocar um friend. Às vezes cavava o buraco e a fissura era em “V”, novo buraco e lá conseguia proteger. A sorte é que os buracos para os friends davam excelentes presas de pé. Pensava: - Isto depois de limpo deve ficar mais duro... No final da fissura, o terreno fica um pouco mais vertical, e esta fica mais em “V” tornando-se a protecção algo mais precária.
Sérgio no início do 5º largo, os trabalhos ainda estavam a começar, era preciso escavar.
Sérgio inserido na fisura.

Para cima estava bastante sujo, mas dava para ver duas pequenas prateleiras de mãos, talvez desse para meter alguma coisa. E era preciso meter qualquer coisa rapidamente porque os 3 últimos friends estavam só para o psicológico e ali não estava a funcionar. Enchi-me de coragem e desenterrando uma boa presa de mão. Subi os pés até conseguir chegar à tal prateleira. De repente apercebi-me que para além de aplatada não dava para meter nada. Olho para baixo e estava escuro, já não via os companheiros. Olho para cima e tudo cheio de batata frita, começam a vir aquelas ideias que um tipo tenta sempre escorraçar e digo para baixo.
- Num dá para meter nada! Vou ter que destrepar – Esperava um incentivo, uma voz encorajadora, um "vai, aperta", um "não podes descer, nem podes cair, os friends não aguentam". Mas nada. Eles não viam onde estava, tinha-me esquecido de informar que os últimos friends não estavam bem, etc. Resumindo estava só. Ainda dei uma olhadela rápida para cima à espera de algo salvador, mas só vi escuridão e dor. Destrepei o último passo e entrando na fissura, apertando com as coxas, fui escorregando como quem desce uma árvore até ao nível do último friend.
- Num dá!
- Mete um ponto.
- Decerto vai ter que ser... Não queria nada...
- Mete mas é um ponto.
- É pá, como faço? Tento destrepar? Não quero meter pontos. E não consigo içar a máquina que isto não aguenta...
- Mete um ponto – Na verdade o incentivo tinha pimenta no bico, e só procurava legitimidade para meter um ponto no passo de “nhunha” e outro na costura...
- Venha a máquina. - Meto o ponto completamente às escuras. - Já não vou, não vejo nada...
- Vai lá que isso é só uns metros e deve ter a reunião.
- Eu não consigo, quer ir lá um de vós?
- Se tu não vais nós também não vamos.
Abandonámos um mosquetão e no ponto instalado baixei até à reunião. Daí rapelamos para uma chapa da via esperança e daí até ao chão. Estávamos completamente rotos e a noite já ia longa.

Durante a semana, no conforto do sofá debatíamos se deveríamos colocar mais dois pontos para permitir a ascensão em livre e tornar a via mais repetível.
Voltamos à carga no Domingo seguinte, quando chegamos à Meadinha, o MC já se encontrava na parede entretido em limpezas...
- Olha lá, já vai no 2º largo, mas vem a descer?! Ahh anda a limpar. - Fizemos rapidamente o caminho de subida, até à base da via. E mais uma vez fomos limpando enquanto repetíamos os largos já abertos.
Colocamos 2 pernos no 4º largo, no passo da costura e no passo de nhunhas. E continuamos. Superando o pequeno tecto (1 chapa), passo em A0 (Não tivemos oportunidade de forçar em livre talvez (6c) e continuamos pela bonita e aérea fissura (camalote nº4 dá jeito), até a um patamar em cima de um calhau solto (perigo!!!). 1 chapa, e reforçar com camalote nº5. (30m, 6c/A0).

De novo na fissura diedro do 5º largo em direcção ao pequeno tecto. Passei pelo ponto, contornei o tetinho pela direita, em direcção à fissura canal evidente. E depois de algumas panças descobri a 5ª reunião já equipada. Afinal faltava mesmo pouco mas ainda bem que não continuei na outra noite... No enorme patamar ervoso, a reunião encontra-se à esquerda num bloco destacado (2 chapas). (25m, 6a).

L6 - Daqui seguir para o canal entre os dois tetinhos por cima da reunião, e depois de um passito de bloco (V+/6a), continuar pelo canal por terreno fácil e depois por placa fácil em direcção a um pequeno muro, onde na parte superior encontramos uma chapa. (40 m, IV).


O estado do pessoal
Os piratas da Meadinha

O mapa do tesouro.
É de realçar que hoje já vemos a ondulação no mar.
Até breve
AB

segunda-feira, outubro 31, 2011

7ª visita consecutiva à Meadinha

E ao 7º dia descansaram e acharam que tudo o que tinham feito era bom...


Brevemente uma nova via perto de si....

quarta-feira, outubro 26, 2011

Meadinha ...

Equipa que ensarilha,"não se mexe".
Até breve
AB

segunda-feira, outubro 17, 2011

Meadinha - Hermanos Sio (El Espolon)



Começo a pensar que os Irmãos Sio, são na meadinha, uma espécie de Rabada Navarro, no que toca à qualidade das suas vias.

O esporão destacado e evidente que rasga a parede à direita da KK, prende o olhar.

Aéreo e recto este traçado possuí uma escalada técnica e exigente quer ao nível físico quer a nível psicológico.

Depois do habitual pequeno almoço "continental reforçado", e do aquecimento forçado da aproximação, abrigámo-nos dos 27º, à sombra generosa do sopé da via.

"Esta não é uma boa via para hoje", assolou-me o pensamento, mas o vício era grande e atirei-me ao 1º largo cheio de coragem. Coragem que se foi desvanecendo, quando passei a fronteira do bafo da sombra para a chapa em brasa. Estamos em Outubro? A escalada é um misto de entalamentos e apláts, mantida até ao final.


Eu no primeiro largo


O Mc, de várias vezes tinha confessado o seu desejo íntimo de fazer em livre uma via no reino do coelhinho. Mas sempre por sua culpa, esse desejo não se concretizava (talvez por malvadez do destino os largos duros calhem sempre a ele, ih ih). O 1º largo estava sacado.

De segundo vieram a Taia e o Mc, com grandes ganas. A Natália chegando à reunião informou que ia apanhar flores.

Taia


MC
Com medo de ser-nos chamados de "andarinis e cobardes" lá continuamos receosos com a vista do 2º Largo. A entrada para o 2º largo coze logo o miolo todo. Saiu o Mc à frente e com grande cabeza, foi cosendo a aliens a microfissura vertical.




O pânico acompanha a escalada e o esfíncter contrai sempre que se olha para cima, chapas nem velas, e a fissura cega até ficar em placa super vertical. Passando esta secção aparece uma chapinha solitária e já em terreno mais tombado um reinaldinho até à reunião. 2º largo limpo.

O 3º Largo era na verdade, o que me tinha feito sonhar com esta via. E era para me calhar este que me fiz voluntário para abrir o 1º. Mas o Sol ia alto e quente. Ali com o largo à frente a toldar-me o olhar, pensei seriamente em deixar cair um pé de gato ao chão.

O ambiente era animado e havia sempre a hipótese de desistir e desculpar-me pelo calor, ia ao menos tentar a parte da placa, que a chaminé/fissura quase extra-prumada era um problema futuro e no momento preferi adiar. Iniciei a placa logo a chiar. As mãos gordurosas e os pés a rodarem dentro do pé de gato lá fui puxando as orelhas aos pequenos gratons.

3º largo


Acabando a placa fui apanhado de surpresa por uma secção mais atlética.
Lá me veio outra vez à ideia mandar o pé de gato para o abismo, mas para me descalçar dava um tralho do caraças, apertei até ranger os dentes e subi mais um bocado a ver se melhorava. E consegui um entalamento que me permitiu recuperar um bocadinho o folêgo.



A partir daqui, a escalada vai dando para mitrar à base de entalamentos. A um metro da reunião e já completamente arrebentado tive que descansar uns bons 5 minutos para subir mais um pouco e ver-me sem forças para festejar.

A minha parte estava feita. Variado e mantido, dos mais espectaculares que fiz na meadinha. Estava feliz e nem pensava no que iria tocar ao Mc. É bom quando chegamos à reunião de primeiro porque o próximo largo toca ao outro. E ali particularmente sabia mesmo bem pensar assim.


O Coelho a atacar.
Enquanto isso...
O Topas com a Olga na Escaleras al Cielo


Todo contente por ser a vez do Cunha.


MC no quarto largo

Depois de recuperar um pouco as forças, lá saiu o Mc, vencendo um primeiro ressalto. Primeiro em fissura e depois em placa. Aqui sobe-se tremendo em nanominimicrons por placa vertical vê-se uma chapita ao longe e vem à memória o último alien precariamente colocado. Eu cá em baixo tentava desviar-me o mais possível da linha de queda. E revia mentalmente os vários procedimentos de resgate, conforme o caso. Ao menos distraía-me do medo que tinha de levar com o número 4, com o resto dos números, material, arnês e homem apegado em cima... Olhava para o patamar da queda, para a ridícula ultima protecção, e para o pontinho tremelicante lá em cima.

Uma eternidade depois o conforto de uma chapa. Para de seguida tudo piorar de forma enganadora, sobe-se na esperança que vai dar para proteger numa fendinha, para depois descobrir sem possibilidade de recuar, que não há fenda nenhuma. Metros de gratonzinhos crocantes e estaladiços, numa placa onde "virar os olhos desiquilibra". E o patamar lá em baixo, bem longe, de braços abertos pronto a receber-te.

Sabendo que o "passo duro" ainda está para vir, imagino que de primeiro muita coisa ocorra.

Tudo isto não sendo dito foi percebido pelos gemidos, palavrões e longos silêncios que me chegavam do primeiro de cordada.


A Natália na esplanada lá em baixo, de frente para uma mini gelada, tinha a oportunidade de assistir a conversas que geralmente na parede não se ouve:
"- Que aventura estúpida!"
"- Se fosse meu filho eu tinha muito desgosto."
"- Andam ali. E se se magoam ainda pedem uma reforma mais alta."

Finalmente o Mc informa que tinha chegado a um patamar confortável e que iria tirar os pés de gato, repensar a vi(d)a. E que depois ia ver o tal passo duro. Agora precisava de recuperar.
Lá esperei, um bocado desconfortável talvez pelo arnês cravado nos rins, ou talvez por saber que se aproximava a minha vez. As cordas faziam uma grande diagonal, sem nenhum protecção intermédia, e eu imaginava pêndulos gigantescos como nos filmes de yosemitra, e choques contra blocos bicudos como nos filmes de terror. Foi o Mc que me retirou do mundo cinematográfico, informando que ia ver o tal passo.
De onde estava não o podia ver. Tinha grande curiosidade por o tal passo e comecei a colocar alguma pressão para o incentivar (pela via da raiva). Dizia-lhe que era um passito de bloco, que ele era o rei mitra e homem bloquero. Que estava tudo nas mãos dele e se queria fazer a via em livre era aquela a hora e o momento. Para se deixar de merdinhas e puxar dos super poderes, que o contacto prolongado com o coelhinho vai dando (ou tirando).
- Vou tentar.
- Vais tentar o C#$%"#!, vais fazer essa merda. Não me F#$%&, fiz a minha parte e que bem que me costou. Agora chias tu, e sem merdinhas. (Não foi bem assim, mas fica bem na história.)
Não sei se foi este "amigável incentivo" ele lá informa que o primeiro passo já estava.
- Agora só me falta equilibrar.
- ?!
- Mantém a corda justa. Vou tentar equilibrar-me.
- !?#%&
Mas o gajo não está equilibrado? Pensava eu. E porquê a corda justa, acima do ponto como está, ele cai ao patamar e caí... Mas disse:

- Tá justinha, aperta contigo, deixa lá o equilibrio e vai mas é para cima.
- Já estou mais equilibrado, agora só vou reposicionar-me e tentar subir mais um pouco. Acho que mais em cima melhora um pouco.
- !?

Certo é que passado um bocadinho ele disse que já estava.
Fui dando corda com alegria até ouvir o característico grito da reunião. Que desta vez não foi característico.
Já se fazia tarde, e se na base lançamos a hipótese de uma saída pela aérea SALO. Agora saímos por terreno conhecido, para chegar ao topo já com pouca luz.

No cume, esperavam-nos a Natália, a Olga e o Topas.

Sempre bem acompanhados


A treinar entalamentos para a próxima visita...

Até breve
AB