Corria o dia 23 de Agosto do ano de 2012.
Acordamos cedo, e depois de cumprimentar o sol, começamos o dia com o habitual pequeno almoço reforçado. De seguida preparamos a quinquilharia, a malta da tenda ao lado, que arrumava também as coisas, reparou que os nossos arrumos eram diferentes.
- Vão escalar?!
- Vamos.
E fomos, depois das despedidas. Eles iam partir para uma aventura mediterrânica, com barcos, highlines e outras cenas maradas.
Novamente o canal de la celada. Novamente a aproximação à parede Este.
Subimos à direita do caracteristico "Y" da "Cepeda", destrepamos um pouco até ver o caminho, por umas placas horizontais, até à gruta da primeira reunião.
Naquele dia estavam dois loucos a dar nós nas cordas no nicho da R1.
- Hummm! A pidal com abrasados por cima?! J'amais. - mas um começa uma travessia em nossa direcção.
- Ei campiónes. Ides subir ou Bá'rrar! - gritei eu em portunhol.
- EIAAARRRH!? - guinchou um deles, e eu comentei com a Natália.
- Eles baixam.
- Percebeste o que ele disse?!
- Não. Mas aquele guincho, é o som do miolo a estorricar.
Começamos a subir em direcção ao tal Nicho, cruzei-me com o sujeito que olhou para mim, com olhos esbugalhados. Eles lá desceram. E nós reunimos no nicho. Naquele dia a parede estava deserta, quase toda a gente tinha descido, culpa das previsões meteorológicas. Que davam nuvens escuras, e para a tarde, talvez chuva, talvez garnizos e quiça tormenta eléctrica, daquelas em que se houve o zumbido das abelhas.
Nós tínhamos lido o relato de Dom Pedro, e sabíamos que eles tinham subido e destrepado aquele itinerário em poucas horas.
- Vão escalar?!
- Vamos.
E fomos, depois das despedidas. Eles iam partir para uma aventura mediterrânica, com barcos, highlines e outras cenas maradas.
Novamente o canal de la celada. Novamente a aproximação à parede Este.
Subimos à direita do caracteristico "Y" da "Cepeda", destrepamos um pouco até ver o caminho, por umas placas horizontais, até à gruta da primeira reunião.
Naquele dia estavam dois loucos a dar nós nas cordas no nicho da R1.
- Hummm! A pidal com abrasados por cima?! J'amais. - mas um começa uma travessia em nossa direcção.
- Ei campiónes. Ides subir ou Bá'rrar! - gritei eu em portunhol.
- EIAAARRRH!? - guinchou um deles, e eu comentei com a Natália.
- Eles baixam.
- Percebeste o que ele disse?!
- Não. Mas aquele guincho, é o som do miolo a estorricar.
Começamos a subir em direcção ao tal Nicho, cruzei-me com o sujeito que olhou para mim, com olhos esbugalhados. Eles lá desceram. E nós reunimos no nicho. Naquele dia a parede estava deserta, quase toda a gente tinha descido, culpa das previsões meteorológicas. Que davam nuvens escuras, e para a tarde, talvez chuva, talvez garnizos e quiça tormenta eléctrica, daquelas em que se houve o zumbido das abelhas.
Nós tínhamos lido o relato de Dom Pedro, e sabíamos que eles tinham subido e destrepado aquele itinerário em poucas horas.
A llambrialina
Saí do nicho pela famosa llambrialina, e depois de um "S" estava de novo na reunião. De onde pudemos sair a caminhar, baixar um pouco e caminhar aí uns 100 metros, em direcção ao ombro norte. Aqui o maior perigo é mandar pedras para quem passa no canal de la celada. Pode-se fazer desencordados, mas nós optámos por passar esta travessia com cuidadinho e em ensamble.
O inicio da 2ª parte da via, em direcção à grande e evidente chaminé, já é de escalada autêntica, fácil mas escalada. São cerca de 60 metros bastante verticais de quinto grau mantenido, com muitos pitons a indicar o caminho (em linha recta). Neste largo as nuvens ficaram mais escuras, o vento assobiava alto e para apimentar a coisa, andava um helicóptero a fazer a ronda e a impossibilitar a comunicação.
Por cima ficava o famoso passo da pança da burra. Eu emocionado, ia comentando com a Natália, passagens do relato de Dom Pedro Pidal sobre a primeira ascensão ao Picu. Talvez uns metros antes da dita panza a Natália diz-me mais ou menos assim (fica melhor na História):
- Sérgio, não quero saber mais da Loucura de um aristocrata (que não queria nenhum gringo no cume virgem dos seus Picos de Europa) e de um pastor, de Cainejos nem de Marqueses, que subiram em 5 de Agosto de 1904, amarrados um ao outro por uma corda de cânhamo (comprada em Londres para o efeito), sem pontos intermédios, e sem conhecer sequer a técnica de rapel. Um descalço outro de alpargatas (compradas em Madrid para o efeito). Não quero que voltes a contar do passo de ombros que fizeram na pansa da burra. Da garrafa de vinho que levavam.. Não quero também que repitas que destreparam por aqui em iguais condições a murmurar, Diós mio, Diós mio, como subi io por aqui. Foram uns bravos do C%#"%&&% conquistaram pela primeira vez e essas tangas todas. Agora estou aqui eu e tu, mais ninguém! o tempo está a ficar feio pra caraças, vem aí a tempestade. O Helicopeter não se cala. Ainda faltam praí 400 metros. E se tu não te calas com essa história... já estou agoniar! Já percebi a lição de humildade, já tenho a minha dose...
A panza da burra.
Mas a cada passo lembrava aqueles fantásticos e verdadeiros Homens, daqueles que não largam nunca uma presa, completamente apaixonados pela montanha. O passo da panza da burra não é tão difícil como o pintam (Certo que com cordas duplas [das de marca], friends xpto, entaladores, pés de gato coloridos, etc. etc.).
A 2ª panza
Mais uma largo ainda com outra pansita, e grito para a Natália. Vou sair em ensamble. E foram aí uns 150 ou 200 metros que o único cuidado era não mandar pedras para o abismo. Os 60 metros de corda esticada, não é o melhor para esta técnica, que pesam, e puxam para trás desequilibrando. De quando em vez ouvia um "- Espera!" ou "- Podes Seguir!", a Natália ia recolhendo os poucos pontos intermédios que fui colocando.
No cume o vento cortava, e as vistas eram para grandes amontoados de nuvens, era hora de descer de novo para o buraco.
O conforto do cabrales, ao abrigo da chuva.
Dormimos ainda mais uma noite ao pé do mastodonte calcário, o dia seguinte era de descida.
O dia acordou sem chuva, apenas com algumas nuvens altas e uma brisa mais calma. Aliás o primeiro dia desde que chegamos, em que o vento acalmou um pouco.
As vistas durante a descida.
Arrumar a tralha e a recuperar forças num banho quente no campismo turista.
O resto das férias seriam praia, museus e outras aventuras menos rochosas.
Depois de um dia de descanso rumamos pela costa, parando em algumas praias até ao país basco.
A dormida em Bilbao, era hora das regletes mitradas das molduras de museu.
Dormida algures por Sopelana, uma praia naturista muito porreira.
Depois de uns mergulhos de sol e banhos de mar, regressamos pela costa para dormir no desfiladeiro de la hermida.
Consulta de croquis desportiveiros no bar da pousada la cuadrona. Consulta de internet, e o trabalho a chamar-nos à base.
Ainda fizemos umas vias de chapas só para gastar as unhas.
O Cueto Agero, que ficará para uma próxima.
Passagem por Potes e bora para paragens mais graníticas das terras lusas. Calcário é bom, mas muito só com Calgon! Eu gosto é do Radão!