quinta-feira, julho 28, 2011

Indios da escusa


Aldeia da escusa

Ali mesmo ao pé de Marvão

Vou fazer-te uma cantiga

Da melhor que sei e faço

De Valongo vieram

Alguns por seu próprio pé

Um chegou de bicicleta

Outro foi de marcha à ré

Quando os teus olhos tropeçam

No brilho de uma chapa

Em vez de seguro vê presas de oiro

Caindo na mão

Quem aqui vier morar

Não traga mesa nem cama

Com sete palmos de terra

Se constrói uma falésia

Tu trabalhas todo o ano

Na escusa deixam-te nu

Chupam-te até ao tutano

Levam-te o couro cabeludo

Quem dera que a gente tenha

De Agostinho a valentia

Para alimentar a sede

De esmagar a mouraria

Adeus disse a Santo Tirso

Nada o prende ao mal passado

Mas nada o prende ao presente

Se só ele é o enganado

Oito mil horas contadas

Laboraram a preceito

Até que veio o primeiro

croqui autenticado

Eram mulheres e crianças

Cada um com sua chapa

Isto aqui era uma orquestra

ninguém diz o contrario de certeza

E se a má-língua não cessa

Eu daqui vivo não saia

Pois nada apaga a nobreza

Dos frouxos das caleiras

Foi sempre tua figura

mitrão de mil aparas

Deixas tudo à dependura

Quando na presa reparas

Das eleições acabadas

Do resultado previsto

Saiu o que tendes visto

Muitas obras embargadas

Mas não por vontade própria

Porque a luta continua

Pois é dele a sua história

E o povo saiu à rua

Mandadores de alto grau

Fazem tudo cair á vista

Dizem que o mundo só anda

Tendo à frente um oitavogradista

Eram mulheres e crianças

Cada um com o sua presa

Isto aqui era uma orquestra

Que diz o contrário é tolo

E toca de tainada

No vaivém dos frigoríficos

Mas hão-de fugir aos berros

Inda a banda vai na estrada

2 comentários:

sesa disse...

Mitrão de mil aparas? lol acho que foi para a Arménia....

taia disse...

Muito bom Joni. Um verdadeiro revolucionário do barro.

Estamos quase quase...

Beijos
Taia