Dia 1 – Saímos de Portalegre rumo à Teixinha e iniciamos de imediato as ensarilhadas, previamos sair às 9 da manhã, saímos de Portugal já era quase meio dia. Com tudo previsto e programado, rotas do via mikelim, mapas, projectos, trajectos…o mundo à nossa frente.
Seguimos rumo a Solana de Avila no caminho só nos questionávamos acerca de um valor monetário que se “teria” de pagar para se passar no caminho que daria acesso ao paraíso. Na minha opinião esta coisa de pedir dinheiro a tugas é coisa difícil, se tivessem dito se queríamos contribuir para a construção de mais vias de escalada, hummmmm ainda nos parecia válido… mas tudo ficou em águas de bacalhau e ninguém pediu nada a ninguém e nós por lá habitamos dois dias, onde escalamos, chapinamos, comemos e bebemos…
O refúgio
No primeiro dia feito heróis, cheios de ganas atiramo-nos a umas placas de aderência, sem croquis, parecíamos três-marias de cu para o ar e palmas das mãos na rocha, parecia patinagem, o drama instalou-se, com tal rocha polida. Desanimados lá fomos mais para cima em busca de puxadores e vias mais acessíveis.
Sem croquis não sabiamos onde andávamos se era duro ou não, atirávamo-nos às vias que gostávamos, as que mais nos enchiam o olho. Ainda nos divertimos lá numas vias bem boas ao pé da lagoa grande, mas falando baixinho ainda o medo estava dentro de mim.
O dia foi curto e lá voltamos para baixo para saborear o cabrales que tínhamos comprado os liofilizados (e lá vem a parte do VINHO) ainda do tal que a câmara de Tabuaço nos ofereceu, e lá ficamos deitados no chão perto da bosta e dos bichos da bosta a recordar o que passou… depois montamos tenda e fomos dormir o que não tínhamos dormido na noite anterior para podermos lá estar de mini-férias.
Decidimos que ficaríamos para o dia seguinte, a escola prometia.
Dia 2 – Levantamo-nos cedo (o teixinha deve ter pulgas na cama levanta-se com as galinhas) e fomos ao povo buscar pão água e tomar café. Tudo coreu muito bem encontramos o padeiro e comparamos um exemplar de cada pão, desde um volante enorme redondo até palitos compridos e muito tostados, a água nem é preciso falar existem fontes em cada esquina. A parte do café é mais bizarra um pouco, nada estava aberto, pois os espanhóis a noite é até tombar para o ladoe de manhã não se vê ninguém na rua. Lá nos indicaram um café.
O tasco era uma casa normal, mas tinham um balcão onde brincavam aos cafés. Imaginem uma casa com quarto, cama e a cozinha atrás de nós, mas tudo bem até chegar o café que sabia a aguardente, para quem queria apenas um café xiiiii. A parte do velhote por trás do balcão cuspir para a pia da loiça, é melhor nem falar, mas isso não influenciou nada na nossa opinião, as pessoas eram fantásticas, o serviço super relax e os produtos nem se fala…
Tudo listos lá fomos para a montanha escalar e tomar banhinhos nas lagoas. De manhã estava insuportável só o Sérgio se mandou a parede, uma via comprida muito linda cheia de silvas e musgo, ele gosta de aventura, mas aventura foi antes para lá chegarmos, agarrados a cordas podres cheias de bisgo a descer tipo rapel mas sem arnês nem qualquer tipo de segurança por cascatas abaixo, não foi nada radical, super tranquiiii.
Depois de tanta aventura decidimos que teríamos de parar porque o sol estava muito alto, continuamos a caminhada à volta do maciço, lá nos metemos nas típicas confusões ao ir por atalhos para chegarmos mais rapidamente até as lagoas. Enfim a miragem…
Depois de uns banhinhos e uns soninhos fomos para mais uma zona mesmo ao lado da lagoa. Não ficamos muito tempo, a aderência não nos motivava muito, o calor também não ajudava. Logo mais acima mais um sector fantástico onde fizemos bastantes vias, sempre sem croquis o que apimentava sempre mais um pouco a escalada.
De barriguinha cheia de vias encadeadas merecíamos um bife, mas não foi um bife foi a paelha congelada e aquecida, e umas cervejas bem fortes que nos colocaram logo ko’s.
No final do jantar seguimos para Candelário escusado será dizer que fui a dormir o caminho todo. Chegados ao bar do CUCO fomos copiar croquis para o dia seguinte, eu estava completamente perdida mas os abismados lá se entenderam no meio de tanto papelada. Fomos dormir ao pé da estância de esqui, foi uma noite dura, a tenda não estava bem, dormimos em cima de tufos de erva, foi um calvário.
Dia 3 – Depois de todos os rituais da manhã seguimos rumo ao Risco Gordo, foi uma carga de trabalhos para lá chegar, andarins havia lá 1, mas que soubesse onde se escalava nada. Curioso em 5 dias nunca encontramos ninguém a escalar (eu vou voltar a falar neste facto, não esquecer).
Continuando a nossa descida até ao sopé do tão esperado Risco Gordo, depois de alguma picadelas no mato montanhoso, de dores nos joelhos derivadas ao caminho íngreme, confirmamos que estávamos numa Serra da Estrela II só não tinha rotunda no cume, não estávamos mal, mas estávamos bastante longe. O dia seria longo, voltamos a aderência, aiiiiiiiiiii os gémeos.
Começamos pela desportiva para adaptar ao ambiente medroso que aquela envolvente nos transmitia. Depois da desportex ainda fomos a duas vias de clássica. O Sérgio abriu uma e o joni outra, muito bom ambiente, mas com galinhas sempre a sobrevoar à espera de alguma falha técnica.
Comemos o nosso volante de pão.
Fiados que tínhamos descoberto o trilho que nos levaria ao carro. Estávamos muito enganadinhos foi um calvário chegar até ao carro, desde mato denso, bicharada venenosa - e nós de calções, foi um sessão de acupunctura perfeita, desesperamos por completo. Não dava para querer fugir e começar a correr, cada vez que tentávamos andar mais rápido magoávamo-nos mais.
Chegados ao parque de estacionamento já não podíamos com a alma, encontramos uma jovem a tentar aprender a conduzir, foi o que salvou o fim de tarde, pois as proezas dela eram inacreditáveis, desde marcha a todo gás, não sei bem onde ela poderia aplicar tal manobra no dia a dia, mas vai se lá ver.
Esta noite fomos passar ao parque de campismo, veio mesmo a calhar tomar um banhinho e tratar das pernas que mais pareciam um mapa de estradas de tantos arranhões que tinham. Fomos à procura de um tasco para comer estávamos perdidos de fome, depois de algumas recusas lá conseguimos comer, calamares, camarões fritos com alho, cerveja, bife e uma big salada.
A vila de Candelário é fantástica, estávamos deliciados, as casas com varandas e varandinhas, o ante-pórtico típico e flores…vejam…
Depois de comer bem e beber bem ainda fomos ao bar do CUCO que bombava todas as noitas até altas horas da madrugada. Copiamos croquis mas o possível CUCO aconselhou-nos a ir para os Canalizos, sector principal. Era difícil comunicar naquele bar, a nossa passagem por lá pareceu um pouco suspeita, copiávamos croquis enquanto bebíamos uma e depois de pernas bergadas lá íamos embora.
Dia 4 – No dia seguinte mais um trek de aproximação aos tais Canalizos, o CUCO tinha dito 15 minutos de caminho, já iam longe os 15 minutos e nada, só víamos uns andarinis lá ao longe.
Chegados ao pé deles perguntamos se tinham visto rocha, ninguém tinha visto nada, ninguém sabia de nada, ninguém escalava naquela terra… começamos a derivar para o lado e lá avistamos as vias. Começamos muito bem, limpamos várias vias num primeiro sector que encontramos.
Ok, acho que chegou a hora de falar de uma coisa que tanto me indignou todas as férias. A maior parte das vias a meu ver estavam mal equipadas, passo a explicar porque. Para além da primeira chapa estar relativamente alta a segunda estava sempre tão distante da primeira que se caíssemos antes de chapar a 2º passaríamos do chão para baixo aí uns 3 metros, daí aquela constatação de que nunca vimos ninguém a escalar por aquelas bandas, cheira-me que se passa por lá muito medo, à frente…
Depois dirigimo-nos ao sector central onde poderíamos nem ter ido, começamos logo com um rapel precipitado no abismo, a rocha era negra e o ambiente intimidador, tudo escorria água e a dureza precipitava-se, o Sérgio sacou uma e eu fui dar-lhe uma topalhada, mas a dureza da via era evidente… Lá seguimos caminho embora por um trilho muito bóonito.
Mais uns banhinhos quentinhos e depois fomos fazer o percurso pelos bares a beber tubos (cerveja) e no final comemos no clube de idosos, e comeu-se muito e bem, não poderia ter faltado os calamares e todos os fritos típicos, desta vez é que andava-mos de pernas bergadas, foi a desgraça.
Dia 5 – Para o último dia guardamos uma escola que já estava a caminho de casa, na saída de Bejar, mas a escola estava abandonada e plaquetes só no meio do mato, mas nada de pânico, pensamos logo num programa alternativo, bora tomar banhinhos lá numas lagoas já a caminho de casa, Seguimos rumo a Los Pilones, fizemos o trilho em género de desportistas verdadeiros e logo que vimos as marmitas de gigante cheiinhas de água limpida, pumba lá para dentro que era mesmo isto que estávamos a precisar.
Fizemos um desporto novo, metade connioning metade aquaparque.
Depois dos banhinhos temos de comer, acabamos em Placencia na Plaza Mayor no bem bom. Mais calamares, o arroz de frango e a sopa de feijão verde era uma miragem.
Como não podia deixar de ser ainda vinham ensarilhadas, esquecemos de meter gasolina e as bombas fecham às 23 em Espanha, por um triz apanhamos uma aberta, mas logo que entramos vimos o portão a fechar-se. Já nos safamos.
Adeus férias, até para o ano.
2 comentários:
Miúda, o que eu me ri com o teu relato... coitaditos... acredita que não dá para ter inveja no meio de tanta aventura... o que vos valeu está visto foi mesmo o tintol cá de cima! Tens que cá vir voltar a abastecer para as próximas cordadas correrem melhor. Mesmo assim imagino que tenham sido umas férias para mais tarde recordar...
Jokas gigantes para os 3 mas em especial para a cachopita Natalí (como agora se diz aqui nas Beiras)
Sempre os mesmos ensarilhados!!! Grandes mini-férias, parabens!!
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