quinta-feira, setembro 21, 2006

nédia - Domingo dia 17



No domingo dia 17 estava combinado os ensarilhas estarem em minha casa às 7 da manhã, mas o atraso foi pouco, as 7.30 estávamos rumo ao “Parque Nacional da Peneda Gerês”. Depois de uma viagem super animada e cheia de euforia e excitação, o desânimo foi claro quando chegamos à Meadinha e estava um nevoeiro cerrado que não dava nem para encontrar o São Sebastião. Sem rumo decidimos fazer um pouco de tempo, percorremos as capelinhas em género de via-sacra, comemos bôla de carne (que estava deliciosa, ok, 30 segundos para dizer bem de mim, fui eu que fiz, estava óptima tinha queijo, presunto, bacon e é muito prática para este tipo de actividades.

A certa altura nada nos levantava a moral tudo estava molhado, escorria aquele “bisgo” característico de zonas muito húmidas, tudo escorregava. Até que decidimos ir à procura da Nédia, uma bela rocha de 500 metros, até que a avistamos, o sol já marcava presença de vez em quando, foi quando decidimos fazer uma das magníficas vias da Nédia, abrimos caminho.

“Abrimos caminho” foi realmente abrir um novo trilho. Em Tibo (aldeia onde deixámos o carro) alguém nos disse: -segue, segue, segue, segue, segue, passa na ponte e depois é só monte até lá… E foi o que fizemos seguimos com poucas indicações, passamos a ponte que quase ficava noutra aldeia e depois serra cima, a Nédia parecia já ali, mas demorou cerca de 3 horas até lá chegarmos, já dava para prever que ou não escalávamos ou teríamos uma bivaque forçado, por meio de paus, bisgo, bosta, lá chegamos ao sopé da via, decidimos escalar os primeiros largos e marcar uma hora exacta para seguirmos caminho enquanto era dia.

O Sérgio abriu o primeiro largo, acompanhado de uma escorrência de água.
A primeira reunião era muito evidente o segundo largo tocou ao Teixa que esteve em grande forma, montou uma reunião em 3+1 friends.


Subimos o ambiente era delicioso, aquelas enormes placas e vale que se precipitava atrás de nós. O Sérgio abriu o que seria o terceiro largo, mas pelo croqui era o quarto mas o Teixa abriu um e meio. O Sérgio montou reunião numa árvore onde descobrimos a linha de rapeles, como já estava a haver delírios, o Sérgio já via cobras nas reuniões (eram umas meias abandonadas) decidimos num óptimo patamar e até um bom bivaque comer qualquer coisa (bôla de carne). De longe reparamos que completamos o primeiro anel, não foi nada mau, tempos recordes de escalada.

Descemos de árvore em árvore a chamada linha de rapeles, deixamos em algumas novos cordinos. Chegados ao chão, começou o desespero: -Por onde vamos?
Sabíamos que tínhamos de passar aquele emaranhado de paus, mato, rochas, bosta enquanto fosse dia, o riacho era o nosso objectivo e a nossa direcção. Aconteceu-nos de tudo desde cair no mato, ficar sem saída e ter de recuar metros de luta contra o mato, houve de facto momentos de verdadeiro desespero, eu gritava de vez em quando, não aguentava tanta pressão, moscas a chatear, cheia de picos por todo o lado, o Sérgio chegou mesmo a cair num poço de mato, mesmo com todos os cuidados. Até que ouvimos um grande barulho pela serra acima, pensamos que teria sido um cavalo, ou um animal de grande porte.

Estávamos perdidos no meio de tanto mato e paus, foi quando tivemos que voltar para trás, depois de ter abatido tanto mato, deitar todo o trabalho para trás das costas e procurar novo caminho, foi quando vimos grandes rodelas de bosta fresca (aparentava e cheirava) e seguimos o caminho da vaca. Passados 45 min estávamos no riacho tudo parecia mais fácil, mas não foi bem assim, bebemos água do riacho, estávamos desidratados, e seguimos pelo campo que vimos do cimo da parede, parecia que estávamos a salvo, mas quando o campo terminou encontramos um caminho que depressa se desfazia no meio do mato, lição aprendida voltavam para trás e víamos se teríamos seguido bem, foi quando finalmente encontramos o estradão de terra que tanto ambicionávamos. Não sabíamos onde estávamos, sabíamos que teríamos algumas horas pela frente, mas nunca tão mau como antes.
De repente uma memória olfactiva faz-nos revitalizar a alma, cheirava a uvas americanas, colhemos um cacho e seguimos caminhos, de repente o Teixa diz: -E se tivéssemos na aldeia onde temos o carro, as memórias visuais começaram afluir e deparamo-nos com o facto de estar em Tibo, era o delírio, já só pensávamos em Coca-Colas frescas, comida quente, banho, queijo...
Fomos até ao parque de campismo de Lamas de Mouro e lá realizamos todos os desejos, banho, roupa quente, queijo, vinho que o meu pai tinha dado ao Teixa, empadão quentinho, coca-colas frescas, entre outros vícios. Aqui já tudo dava para rir...
taia

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